segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Coluna por: Maria Clary Frigeri Horn - Professora de História e Museóloga

O BRASIL E OS PARAATLETAS 18.08.2007

Coluna por: Maria Clary Frigeri Horn - Professora de História e Museóloga

Continuo me perguntando, terá o Brasil solução para os graves problemas que enfrentamos?
Cada dia que passa mais o descrédito aumenta.
A fome, apesar de todos os esforços, atinge proporções inaceitáveis, bolsões de miséria se alastram em varias regiões do Brasil.
O crime continua impune, assaltos os mais variados se sucedem como jamais se viu, mortes brutais superam em numero até de países mais violentos.
Criminosos brutais matam arquitetos, médicos, juizes, engenheiros, operários, músicos, domésticas, empresários, estudantes, mecânicos e até crianças por um par de tênis, por um celular, por um relógio.
Bombeiros, policiais, porteiros, seguranças, universitários, trabalhadores atacam, matam, roubam e ninguém consegue desvendar nem prender esses facínoras que se desviaram de suas funções e enveredaram pelo caminho do crime.
O Brasil se transformou no esconderijo e paraíso de criminosos internacionais.
Os transportes estão falidos, a aviação retrocedeu décadas no bom e seguro atendimento, tragédias aconteceram por incompetência de quem deveria fiscalizar, controlar e modernizar.
As ferrovias alem de obsoletas e sucateadas e do pouco que restou andam numa velocidade de Maria Fumaça.
As rodovias mal conservadas, apenas 8% são asfaltadas, são verdadeiras peneiras, matam mais do que em qualquer outro país, 40 mil pessoas morrem a cada ano nas estradas federais e estaduais. Para o transporte de mercadorias o frete é altíssimo devido ao grande desgaste de pecas como pneus e amortecedores.
Os portos são os piores do mundo, não se modernizaram, são lentos, não conseguem escoar com rapidez exigida a produção, com altos e caríssimos custos, são improdutivos e insuficientes, com baixo calado, sufocando as exportações.
O apagão elétrico está próximo de se repetir e com isso o nosso desenvolvimento irá para o brejo.
Apesar da vida ser o bem mais precioso que a natureza nos presenteou, a Saúde não tem levado a sério tamanha responsabilidade. O caos chegou à saúde.
A justiça, com leis superadas, não consegue prender nem julgar assassinos, os mais variados, entre outros, funcionários, políticos ou empresários corruptos que desviam com desfaçatez o dinheiro público.
A polícia federal desvenda e prende um número incalculável de integrantes de várias organizações criminosas, a justiça com um código penal desvirtuado, fraco, superado não consegue julgar e condenar um prisioneiro sequer e ela própria solta. A impunidade continua num crescendo avassalador.
O Senado não consegue destituir um presidente amoral, desavergonhado e mentiroso cada vez mais envolvido em escândalos de corrupção e desvio de verbas publicas.
O eleitor brasileiro não aprendeu a votar, a selecionar, é facilmente envolvido por falsas promessas, elege com muita facilidade os piores políticos e com mais rapidez reelege os já envolvidos nas piores falcatruas: mensaleiros, anacondas, sanguessugas, gafanhotos, vampiros, exportadores de dólares entre outros.
O povo brasileiro precisa despertar não pode, apesar da grande maioria estar envolta na ignorância, na falta de educação, continuar tão cego, precisa reagir, retomar o bom senso que não é privilégio dos instruídos.
A ética precisa renascer na sociedade brasileira, a família precisa rever seus conceitos.
O descalabro moral atingiu todas as camadas sociais, não há dia que não surja atos criminosos, os mais variados, os mais surpreendentes em quase todas as instituições que compõem a sociedade brasileira.
O que podemos fazer?
Com freqüência me sinto impotente, incapaz de fazer algo, o desânimo me invade e toma conta de tudo. Esta semana renasceu a esperança ao acompanhar o Parapan que se realiza no Rio.
Portadores de deficiência física, portadores de paralisia cerebral estão dando exemplo de superação.
Os brasileiros conquistam o maior numero de medalhas, estão em primeiro lugar com o dobro de ouro, prata e bronze do 2º colocado. Quebra vários recordes, em natação, atletismo e outras modalidades.
Destacamos o heroísmo de Clodoaldo Silva que quebrou 4 recordes num só dia, em natação, Karla Cardoso o 1º ouro no judô, Antonio Tenório, o judoca cego, que conquistou três ouros consecutivos.
A grande revelação em natação André Brasil, vários recordes mundiais.
Adriano Silva quebrou o recorde de 100m peito e ouro nos 400m livre.
Daniel Dias também quebrou o recorde dos 100m peito.
No atletismo Edson Pinheiro ficou com o ouro nos 100m rasos.
A limitação motora não impediu que Luis Cláudio Pereira ganhasse ouro.
Leandro Marinho é considerado o melhor jogador do mundo em futebol sete.
Ricardinho, cego, é o melhor jogador do mundo em futebol 5, cujas bolas contém guizos.
O que diz um deles: "Por mais difícil que possa ser a vida, por pior que sejam as dificuldades que tenhamos de enfrentar é preciso superar e vencer todas as adversidades, é preciso correr atrás e conseguir ser feliz".
A eles o nosso respeito, a nossa homenagem, a nossa gratidão, são grandes, são grandiosos, nos orgulhamos muito deles.
A vida lhes negou a visão, as pernas, os braços, as mãos, alguns cadeirantes outros com paralisia cerebral, mas lhes deu de sobra: garra, espírito de luta, superação, heroísmo sem limites. A esses vencedores, guerreiros autênticos que através do esporte conquistaram o país, a América, tiveram como retorno o respeito, a auto realização, a felicidade, a alegria de seguir conquistando mais ouros, pratas e bronzes, no decorrer de seus caminhos. São os verdadeiros campeões da vida.
Parabéns ao presidente do Comitê Para Olímpico – Vital Severino Neto que há muito não tem medido esforços para conquistar tantos e merecidos louros.
Apesar do esforço de alguns poucos e de algumas vitórias o Brasil está infestado por um vírus maléfico que o está levando a destruição.
As leis que regem o universo não perdoam, virá cobrar um preço muito alto. Qual e o preço que o Brasil deverá pagar para resgatar os horrores que estão sendo praticados com a permissividade e conivência de uma grande parcela do povo brasileiro?

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